Beto e Júlio são primos, vinte e cinco e vinte e quatro anos, respectivamente. Suas famílias são muito unidas, seus pais são irmãos, o de Beto tem quarenta e oito e o de Júlio, quarenta e sete. Todo fim de semana se reúnem na casa de um deles e assim passam os sábados e os domingos jogando tênis, convidando os amigos para passarem boas horas em suas confortáveis casas. É claro que os rapazes saem na noite de sábado para se divertirem com os amigos, afinal, ninguém é de ferro e, após uma semana cheia de trabalho e estudo, merecem um bom descanso. No domingo de manhã, como de hábito, dormem até quase meio dia e neste não seria diferente. As mulheres sim, é que resolveram fazer um programa diferente: foram à praia com as amigas e só voltariam no fim da tarde.
Os rapazes pularam da cama e caíram direto na piscina. Depois ficaram os quatro conversando animadamente. O pai de Beto tem um hobby um pouco oneroso: colecionar bebidas raras. Tem uma adega no porão com garrafas de licores, vinhos, whiskies, etc.. Ele se orgulha muito disso e mostra a todos, mas especialmente uma parede repleta de peças raras, todas com mais de dez anos. É claro que os outros três conhecem muito bem sua coleção e sugeriram que ele trouxesse um licor dos mais antigos para saborearem. Ele hesitou um pouco, mas acabou cedendo. Foi à adega e trouxe uma garrafa empoeirada e, orgulhoso, mostrou-a aos demais. Pegou um saca-rolhas para abri-la, achando meio esquisito a facilidade com que saiu a rolha, até o lacre não estava muito confiável e, o que era pior, estava cheia d'água ou outra coisa pior. Ficou muito decepcionado ante os três olhares atônitos em sua direção.
De repente, Júlio e Beto se entreolharam e desataram a rir descontroladamente, choravam de tanto rir. Seus pais não entenderam nada. Que graça há em uma peça de coleção ser falsificada assim, tão grosseiramente? Perguntou, então:
Posso saber o que está acontecendo?
Os dois, com lágrima nos olhos, quase não conseguindo falar, começaram a narrar um fato que, até aquele momento era a mais completa novidade para o pai e para o tio.
É o seguinte, tio – começou Júlio – nós nos lembramos, no mesmo momento, de algo que aconteceu há muito tempo atrás, uns dez anos, talvez. Isto mesmo, pois tínhamos quinze e quatorze anos. Lembram da vez que vocês quatro passaram uma semana viajando sem a gente? Pois é, nos aproveitamos que a casa estava completamente à nossa disposição e convidamos a turma para fazermos a maior festa aqui, durou três dias. A casa ficou lotada de amigos, rolou muita música, comida e, claro, uns namoros nos cantos. Nós dois nos contentávamos com isso, mas um pessoal trouxe bebida e aí a coisa ficou meio sem controle. Nós nos assustamos um pouco, mas, no final, deu tudo certo. Ou quase. Quando todo mundo foi embora, tivemos que limpar toda a anarquia. Fizemos um ótimo trabalho, a casa ficou superlimpa. Então resolvemos dar uma geral em todas as peças para não deixar nada fora do lugar. Quando chegamos à adega nossos corações quase saíram pela boca quando vimos três dos nossos "amigos" completamente bêbados, pois tinham secado várias garrafas da sua coleção. Só pensávamos no que fazer para nos livrarmos daquela bomba acesa em nossas mãos. Contamos o problema pros bebuns que só riam da nossa cara. Diziam que tinham a solução: bastava urinar nas garrafas, fechar e guardar no mesmo lugar. Ninguém iria mexer nelas por muitos anos mesmo, então não haveria problema. Estávamos tão apavorados que aceitamos fazer aquela loucura.
Pois é, pai – completou o Beto ainda secando os olhos – foi isto que aconteceu. Coisa de adolescente, sabe como é, né? O senhor não vai ficar bravo com a gente tanto tempo depois. Já passou e ----- não tem mais o que fazer.
O pai do Beto estava com um olhar que metia medo, aos poucos os risos foram cessando, ao que ele disse:
Então não tem mais nada o que fazer, hein? O que acha meu irmão? Nós sempre tivemos como regra geral conversarmos com vocês quando faziam alguma coisa errada. Nunca desconfiamos de nada. E ----- vocês nos revelam a tremenda bobagem que fizeram e a tremenda enrascada em que se meteram. Que você acha, meu irmão, ensinarmos a estes moleques a técnica de disciplina que o avô deles usava no nosso tempo?
Eu acho uma ótima idéia, afinal nenhum deles nunca experimentou isso até -----, aos vinte e poucos anos.
Que história é esta? – perguntaram os garotos em coro.
Bom, quando fazíamos alguma coisa errada, nosso pai nos mandava ir para o quarto esperar por ele. Íamos com o coração na mão. Esperar os trinta minutos de sempre era uma tortura. Quando ele entrava, já tinha na mão um chinelo de couro grosso, mas flexível. Ele batia de leve na palma da mão, perguntando se tínhamos algo para dizer em nossa defesa. Algumas poucas vezes conseguimos acalmar a fera e escapamos das lambidas do couro. Mas no geral ele estava com a razão e quando isso ficava estabelecido, ele dizia que já conhecíamos as regras. Então tirávamos as calças e ficávamos só de cuecas na frente dele. Ele sentava na cama e perguntava quem iria ser o primeiro. Nós tremíamos como vara verde, ele então escolhia, "vem você primeiro". Puxava a gente pelo braço, deitava de bruço no colo dele, baixava a cueca, segurava o pescoço da gente, pousava o chinelo sobre a nossa bunda e começava a dizer os motivos da surra que ele iria aplicar. Em seguida começava a festa: descia o chinelo exatas cinqueenta vezes, intercalando nádega esquerda, nádega direita, sem dó nem piedade. Era de lascar, o choro era incontrolável. Quando terminava com um, chamava o outro e se repetia a cena. Ficávamos dias com a bunda dolorida.
Era bem assim. Com vocês nunca fizemos nada disso. No máximo duas palmadinhas de nada. Mas hoje vamos cobrar os atrasados de dez anos. Que acham da idéia?
Vocês estão brincando, é claro – disse Beto. Nós temos vinte e cinco anos. Não temos mais idade para apanhar de chinelo na bunda. Isto é um absurdo.
É isso aí – concordou Júlio – Não tem nada a ver castigo de criança em homens adultos.
Aí é que vocês se enganam, garotos, eu e meu irmão vamos fazer algo que devíamos ter feito há dez anos. Este tipo de dívida não prescreve. Preparem-se, pois hoje vocês vão levar a primeira surra de chinelo na bunda de suas vidas. Não se preocupem, isto ficará somente entre nós quatro. Nem suas mães saberão. Agora vamos para o local do crime que tenho uma surpresinha para vocês!
Ao chegarem na adega, o pai do Beto abre uma gaveta e mostra ao irmão, dizendo:
Lembra?
Nossa! É o chinelo do pai. E ainda está em boa forma. Muito bem, meninos, os bons tempos estão de volta. Estão vendo aquelas barricas? Deitem de bruços sobre elas . Os rapazes vestiam somente calções de banho, destes modernos com "perninhas". Eles eram bem justos e cobriam suas nádegas por inteiro. Ambos eram bem fornidos, musculatura definida, nádegas não excessivamente grandes, mas muito bem delineadas, roliças. O pai de Júlio corre à porta, chaveando-a e guardando a chave no bolso da bermuda. Disse:
Nenhum de nós vai sair daqui enquanto não resolvermos esta questão. Meninos, em posição! Os garotos se entreolhavam, foram para um canto da adega e Beto disse:
Sabe, pensando bem, eu acho até que a gente merece umas chineladas mesmo depois de adultos. Afinal, na época em que isto deveria ter acontecido, não aconteceu; ----- é o momento.
Olha, Júlio, pra falar bem a verdade eu também penso assim. O problema é que, sinceramente, eu tenho medo de apanhar na bunda, ainda mais com aquele chinelo de couro... deve doer muito, eu não consigo imaginar como seja.
Pois é, mas por outro lado, a gente se submete à surra, ficamos quites com nossos pais, saldamos nossa dívida e fica tudo numa boa, não abalamos nosso conceito com eles, que é muito bom.
Tá bom, eu concordo, vamos lá. Assim, os dois se aproximaram dos barris e seus pais repetiram a ordem:
Deitem de bruços sobre eles, seus moleques! Debruçaram-se, então, sobre as barricas. O pai de Júlio puxou duas grossas correias de couro que as prendia, passou-as sobre as costas dos rapazes, de modo a imobilizá-los. Disse ainda:
Não se assustem, meninos, é só para o caso de se arrependerem. Quando terminarmos, soltamos vocês. Puseram de pé, ao lado dos barris. As bundas dos filhos estavam bem a altura deles, não precisariam sequer se curvar para atingi-las com o bom e velho chinelo de couro de seu pai.
Vamos começar o castigo, então. Primeiro eu pego o chinelo e dou cinqueenta chineladas na bunda do Júlio. Aí você pega o chinelo e aplica cinqueenta chineladas na bunda do Beto. Que tal?
Está muito bem. Lá vai!
Plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! Júlio recebeu as cinco primeiras chineladas sem nunca ter imaginado que doeria tanto. Lembrou que ainda faltavam quarenta e cinco! E o chinelo continuou a cantar sonoramente Plaft! plaft! plaft! plaft! plaft!, uma chinelada em cada nádega, como se nunca mais fosse terminar. Conseguia segurar a muito custo o choro, mas de vez em quando soltava um gemido. Não queria fazer feio, afinal tinha vinte e quatro anos! Tinha que agueentar como homem. Sua bunda ia esquentando cada vez mais até que por fim acabou: Ufa! Agora o Beto vai passar pelo mesmo que eu, pensou. E assim foi. O pai do Beto pegou o chinelo e repetiu a dose do remédio, só que na bunda do filho: Plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! O Beto se remexia e suspirava a cada golpe, tentou desistir e levantar, mas não conseguiu por causa das correias. Então resolveu cerrar os dentes e agueentar até o fim. Aquilo não era brincadeira. Por fim chegaram as cinqueenta e ele suspirou de alívio, desta vez. Seguiu-se um silêncio constrangedor e os rapazes esperavam ansiosamente serem soltos das correias, quando o pai do Beto falou:
Muito bem, seus moleques, acabou o castigo que vocês deveriam ter levado há dez anos, quando vocês tinham quatorze e quinze anos. Agora, na segunda parte, repetiremos a dose, só que serão dois homens de vinte e quatro e vinte e cinco anos que vão apanhar Aproximando-se dos dois, puxou-lhes as sungas, expondo totalmente suas quentes bundas vermelhas. Tomados de terror eles não conseguiam imaginar o que seria uma surra de chinelo de couro como a que levaram, só que na bunda pelada, sem nada a cobri-la, sequer uma sunguinha. Os dois pediram, imploraram para não fazerem aquilo, mas não adiantou nada. Desta vez cada tio pegou seu sobrinho: o chinelo cantou novamente, alto e forte: Plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft!. Júlio foi o primeiro novamente e a ardência que sentia a cada chinelada era como se o chinelo estivesse em brasa, como sua bunda. Ele simplesmente não conseguia se controlar começou a chorar baixinho e depois mais forte, pedindo para parar, sem se importar com o primo ao seu lado. Ai! Ai! Ai! Pára! Pára! Por favor, pára! Eu não faço mais! Pára!
O chinelo levou seu papel a sério até o fim e, na última chinelada, Júlio estava soluçando quase sem controle. Beto ao seu lado estava em pânico, esperando sua vez, pedindo para o tio não fazer aquilo com ele. O tio lhe respondeu que não poderia ser injusto: se o Júlio apanhou, você também vai apanhar da mesma maneira, disse. E juntando a ação à palavra, pegou o chinelo da mão do irmão e começou a festa. Plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft! plaft!. Na quinta chinelada ele começou a chorar sem vergonha do que pensariam dele. Não conseguia se esquivar dos golpes, apenas se retorcia quando a sola de couro lambia como uma língua de fogo a pele de sua bunda. Ele jamais imaginou que uma surra de chinelo na bunda pelada doesse tanto assim. Por fim acabou. Os irmãos soltaram os filhos. Eles ficaram um tempo deitados de bruços sobre os barris. Lentamente conseguiram se levantar e foram caminhando para fora, enquanto o pai do Beto abria a porta. Foram para a piscina de calça arriada mesmo e se jogaram na água gelada. Foi um alívio. Ficaram coçando a bunda por um bom tempo, encostados na borda da piscina. A água fria ajudava a aliviar o efeito da surra. No dia seguinte suas bundas estavam totalmente doloridas e roxas e, novamente na piscina, comentavam sobre o dia anterior:
Sabe, Beto, à noite eu pensei muito sobre o que aconteceu e eu até tenho um pouco de vergonha de dizer isso, mas foi como uma espécie de libertação. Chorei sem vergonha nenhuma, como se estivesse lavando minha alma.
Engraçado, comigo foi a mesma coisa. Na hora eu não gostei, mas depois, pensando melhor, foi muito legal, só que os nossos pais não precisam ficar sabendo disso, senão eles vão querer bater na gente toda semana, como terapia.
É, toda semana é claro que não, mas quem sabe uma vez por ano?