Terapia Alternativa Parte 1


by O Disciplinador <Chineladas@bol.com.br>

Ao completar 2 anos de terapia, eu estava decidido a abandoná-la. No primeiro ano foi muito bom, mas a partir do segundo, eu já havia falado tudo que queria (e deveria) e as sessões se tornaram uma chatice. Confessara ao psicólogo coisas que jamais ousara pensar em falar para alguém. Essas "coisas" me acompanham desde sempre, não me lembro um momento de minha vida que não estivesse presente, desde a mais tenra idade. Agora que confessei a ele, o psicólogo, também me sinto à vontade de falar sobre isso com outras pessoas e o meu sonho haveria de se realizar, uma vez que eu estava decidido a fazer isso.

Pois vou contar o que é essa "coisa" que tanto me atormentava: eu gosto de apanhar de chinelo na bunda! Isso mesmo! Apanhar de outro homem de chinelo na bunda! "Gosto" não é bem o termo, melhor seria dizer "Sonho" em apanhar de chinelo na bunda, surra aplicada por outro homem. Hoje tenho 25 anos e nunca apanhei. Não que não recebesse castigos em criança quando fazia alguma coisa errada. Recebia, sim, tais como: escrever 500 vezes uma frase sobre a travessura cometida, ficar sem sobremesa por uma semana, não poder sair por uma semana ou não poder assistir televisão pelo mesmo tempo. Meus pais não acreditavam no castigo físico, então nunca me surraram, nem a mim nem a meu irmão que é 3 anos mais velho que eu.

Em geral nós fazíamos o tipo comportadinho e hoje julgo que os castigos pelas pequenas falhas que cometíamos eram bem adequados. Também nunca ousamos desobedecer nossos pais quando determinavam uma punição. No meu íntimo eu imaginava o que aconteceria se desobedecêssemos as regras, eu imaginava eu e meu irmão deitados de bruços, sem calças, no colo de meu pai para receber uma sova de chinelo na bunda. Como isso nunca aconteceu, estava decidido a colocar em prática esse fetiche.

Pois exatamente uma semana depois de abandonar a terapia, recebi um e-mail, no mínimo muito estranho. Era de alguém que não conhecia e dizia que os meus problemas acabaram, pois finalmente eu poderia realizar meu grande sonho: ser punido por outro homem. Eu fiquei estático ao ler a mensagem, mal podia crer nos meus olhos. Ser punido por outro homem? Como assim? Seria apanhar de chinelo na bunda? Pois a mensagem apresentava um número de celular. Eu hesitei, pensei, repensei e decidi ligar. Liguei do meu celular para não ser identificado e o que ouvi do outro lado me estarreceu, fiquei petrificado. O sujeito dizia se chamar Mestre Edu e estava procurando adoradores dessa peça de vestuário que seguidamente é usada como instrumento de punição: o chinelo. Se eu aceitasse participar, seria o décimo integrante.

Décimo? – pensei – e eu que imaginava ser o único homem na face da terra a gostar disso, no entanto na minha própria cidade havia 10 homens que também compartilhavam comigo dessa preferência! Anotei o endereço e no sábado seguinte, bem cedo, me dirigi para lá. Na verdade dormi muito mal na _s_e_x_ta-feira, pois não conseguia parar de pensar no encontro do dia seguinte. O que iria acontecer? Será que eu não iria me decepcionar? Não seria um golpe, uma brincadeira de mau gosto? Mesmo pensando todas essas coisas, fui ao local indicado. Era um sítio afastado do centro da cidade uns 60 km. O horário marcado era às 8, mas acabei chegando no local com trinta minutos de atraso. No portal de entrada havia um homem que me pedira identificação e eu me senti meio ridículo em repetir a senha que me havia sido passada por telefone: "sola dura que cura". O rapaz me indicou, então, o local que eu deveria "me apresentar". Eu estava muito nervoso, afinal, pensava eu, como iria terminar toda essa história?

Cheguei à casa principal, que por sinal tinha uma aparência ótima, grande, confortável, mas não suntuosa. Não havia ninguém na sala e eu fui entrando. Cheguei por fim a uma porta maciça e grande que estava fechada. Bati três vezes com os nós dos dedos e nada. Empurrei a porta e fui entrando. A pesada porta se fechou atrás de mim com um estrondo e percebi o clic da fechadura. Em frente a mim havia um círculo de pessoas sentadas em cadeiras de madeira, contei e eram dez cadeiras, sendo que uma estava vazia. Um homem de voz grave disse:

Bem-vindo, Ricardo! Chegou atrasado. Sente-se na cadeira que lhe aguarda. Hesitei um pouco, mas meus pés tinham vida própria. Eles se dirigiam à cadeira vazia. Eu me sentia muito envergonhado. Quando sentei naquela cadeira de madeira, percebi que era muito incômoda, pois tinha um assento todo frisado, áspero. Nesse momento o homem que me saudou ao entrar falou:

Bom dia senhores! Está aberta nossa primeira reunião. Todos os aqui presentes são homens na faixa entre 20 e 30 anos e todos nós temos algo em comum: a nossa preferência por surras de chinelo. Eu fiquei muito surpreso com essa ida direto ao assunto. Achei que haveria uma grande enrolação até chegar a esse tema, no entanto foi uma das primeiras coisas que ouvi. Ele prosseguiu:

Alguns gostam exclusivamente de bater, outros exclusivamente de apanhar, e outros, ainda, das duas coisas. Como esse é nosso primeiro encontro, seria interessante que nos apresentássemos e disséssemos exatamente a que viemos. Como o Ricardo foi o último a chegar, tomará essa primeira incumbência. Pode começar, Ricardo.

Um fogo tomou conta do meu rosto e eu não sabia onde enfiar minhas mãos. Comecei mal, gaguejando, mas fui em frente:

Bem, como já sabem eu me chamo Ricardo, tenho 25 anos e sonho desde sempre ser surrado na bunda, com um chinelo, por outro homem.

Eu não acreditava no que minha boca acabava de falar. Eu levei mais de ano para dizer isso ao meu analista e -----, em menos de cinco minutos, u expunha o meu fantasma para um desconhecido público de 9 homens. Que coisa mais estranha! A partir daí eu não teria mais o que ocultar, poderia falar sobre qualquer coisa. (continua)


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